O Fórum dos Serviços de Informação e de Inteligência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) decorre entre os dias 24 e 26 de março de 2025, em Díli, com o tema “A Cooperação em Inteligência e Segurança na CPLP: Desafios e Oportunidades num Mundo em Transformação”.
Este evento é organizado pela República Democrática de Timor-Leste e reúne representantes dos diversos Estados-Membros da CPLP e, também, da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).
O fórum inclui reuniões plenárias dos Diretores-Gerais dos Serviços de Informação e Inteligência da CPLP e reuniões bilaterais entre representantes da CPLP e da ASEAN, incluindo visitas e sessões de trabalho focadas em temas diversos como segurança cibernética, troca de informações estratégicas e cooperação na proteção de infraestruturas críticas, refere o governo timorense que organiza o encontro.
Na sessão de abertura, o Primeiro-Ministro de Timor-Leste, Kay Rala Xanana Gusmão, destacou que “este encontro reflete o compromisso na construção de uma rede sólida de cooperação em inteligência e segurança, fundamentais para enfrentar os desafios globais que marcam a atualidade”, afirmou.
O Chefe do Governo timorense realçou, ainda, que a “informação fidedigna, clara e consistente nunca foi tão importante como o é atualmente”, sublinhou, enfatizando o impacto negativo da desinformação e a crescente interligação entre os sistemas económicos, políticos e sociais, refere uma nota publicada pelo governo timorense.
Kay Rala Xanana Gusmão defendeu a necessidade de “uma atuação coordenada, eficaz e inovadora”, para enfrentar “o avanço das tecnologias emergentes, as ameaças cibernéticas e os desafios geopolíticos”. “Neste contexto, a parceria entre a CPLP e a ASEAN pode constituir um vetor essencial para responder aos desafios da segurança internacional, nomeadamente no combate ao crime organizado transnacional, ao terrorismo e às novas ameaças digitais”, refere a mesma nota.
Paralelamente, também ´na sessão de abertura, o Diretor-Geral do Serviço Nacional de Inteligência de Timor-Leste, Longuinhos Monteiro, sublinhou que este fórum marca um momento único, com “a reunião de duas poderosas comunidades de inteligência, num fórum que reflete a relevância geopolítica de Timor-Leste e a sua crescente responsabilidade na segurança regional e global”.
"Neste contexto, Timor-Leste aproveita esta oportunidade da presidência do Fórum para atuar como elo de ligação entre a CPLP e a ASEAN, permitindo uma abordagem mais integrada e eficaz aos desafios contemporâneos", destacou. "Representamos hoje, coletivamente, 19 países de vários continentes, reafirmando o nosso compromisso coletivo com a segurança, a estabilidade e o progresso global", acrescentou, conforme nota publicada pelo governo timorense.
O Diretor-Geral do SNI abordou também as “ameaças mais complexas” que o mundo enfrenta, como “o crime organizado transnacional, o terrorismo, o tráfico de seres humanos, a desinformação e as novas ameaças cibernéticas”. Longuinhos Monteiro alertou para o facto de que “os avanços tecnológicos, se por um lado promovem o crescimento económico e a inovação, por outro lado, impõem riscos significativos que exigem um compromisso coordenado entre os nossos Estados”. Neste sentido, defendeu que “a cooperação CPLP-ASEAN pode também criar impactos positivos em áreas-chave, como a segurança marítima, a proteção de infraestruturas críticas e o combate a ameaças híbridas.”
Nessa mesma nota do governo timorense, relativamente à segurança cibernética, o Diretor-Geral do SNI defendeu a necessidade de “uma resposta coletiva baseada na partilha de informações, na capacitação conjunta e na definição de protocolos comuns”, destacando que “a interconexão crescente entre os países da CPLP possibilita a construção de uma rede de inteligência integrada”, permitindo reforçar a “capacidade coletiva de enfrentar ameaças comuns”.
Na reunião plenária de dia 26 de março de 2025, após a assinatura da ata, será realizada a passagem do exercício da Presidência do Fórum dos Serviços de Informação e de Inteligência da CPLP, de Timor-Leste para Angola.