Notícia

07/07/2023
CPLP quer português como língua de pleno trabalho na OMPI Voltar atrás
CPLP quer português como língua de pleno trabalho na OMPI
Nota Informativa

Na 64.ª série de reuniões das Assembleias dos Estados-Membros da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) que decorre, em Genebra, até ao próximo dia 14 de julho de 2023, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) manifestou a vontade de ter a língua portuguesa como língua de pleno trabalho desta organização internacional.

 

Esta manifestação foi feita por Cabo Verde no plenário, através da intervenção Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, em representação aos países da CPLP, no dia 6 de julho de 2023..

 

Recorde-se, a Assembleia Geral da OMPI decidiu, em setembro de 1999, que o português seria usado como língua de trabalho em todas as atividades de treinamento da OMPI envolvendo países de língua portuguesa, conforme consta no parágrafo 112 do documento WO/GA/24/12 e, desde outubro de 2000 é permitido que os discursos durante as reuniões de assembleias sejam elas, também em português.

 

Intervenção do Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente

Em representação dos Estados-Membros da CPLP

 

Estimado Sr. Daren Tang, Diretor-Geral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual,

Prezadas Excelências e Delegados presentes nestas Assembleias,

Caros membros do Secretariado,

Senhoras e senhores,

Bom dia!

Desejo começar expressando a sincera gratidão de todas as nove nações da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) por sua excepcional liderança e dedicação à OMPI nos últimos dois anos. Gostaríamos também de aproveitar esta oportunidade para agradecer o seu interesse genuíno no progresso da língua portuguesa nesta importante Organização.

2. Como é do conhecimento de todos, a recente resolução 77/14 da Assembleia Geral da ONU, aprovada a 21 de novembro de 2022, sublinhou "a importância da língua portuguesa nas relações internacionais" e reconheceu o compromisso da CPLP na promoção da língua portuguesa nas diversas instâncias internacionais e organizações regionais, incluindo as Nações Unidas e suas agências especializadas, fundos e programas. Destacou ainda a importância do reforço da cooperação entre a CPLP e estas entidades, nomeadamente com a OMPI.

3. Conforme enfatizado na mesma resolução da Assembleia Geral da ONU, mais de 278 milhões de pessoas falam português em nove países e quatro continentes, com projeções indicando que esse número chegará a 380 milhões até 2050. O português é a quarta língua mais falada no mundo, a quinta língua com o maior número de internautas e a língua mais falada no hemisfério sul. A UNESCO até designou o dia 5 de maio como o Dia Mundial da Língua Portuguesa.

4. Vale ressaltar que o português já goza de um status especial e específico dentro da OMPI. De fato, a Assembleia Geral da OMPI, durante sua sessão de setembro de 1999, decidiu que o português seria usado como língua de trabalho em todas as atividades de treinamento da OMPI envolvendo países de língua portuguesa, conforme consta no parágrafo 112 do documento WO/GA/24/12.

5. Destacamos também a decisão da Assembleia Geral da OMPI, de outubro de 2000, que nos permite estar aqui hoje fazendo uso da palavra em português, dirigindo-nos a todos os Membros da Organização com tradução simultânea para as outras 6 línguas de trabalho da OMPI, prática que a proposta de revisão das regras de procedimento apresentada pelo Secretariado virá sedimentar e consolidar, o que acolhemos com muito agrado, esperando que a mesma seja aprovada por estas Assembleias no item 9 da agenda de trabalhos..

Prezado Diretor-Geral,

6. Tenha certeza de que nós, os membros da CPLP, continuamos empenhados em fortalecer o status especial da língua portuguesa com o objetivo final de seu reconhecimento como língua de pleno trabalho da OMPI. Tal empenho corresponde à firme convicção de nossos países de que o multilinguismo é um dos princípios fundamentais do sistema das Nações Unidas e da OMPI. Este princípio se estende aos tratados administrados pela Organização, embora reconhecendo os regimes linguísticos específicos e as políticas de tradução de cada sistema.

7. Nesse contexto, gostaríamos de promover uma discussão abrangente e baseada em evidências sobre a introdução de novos idiomas em todos os sistemas da OMPI, incorporando metodologias e critérios claros. Fatores como o número de usuários esperados de um idioma específico, com base na atividade de arquivamento atual e projetada, devem ser levados em consideração.

8. Valorizamos as consultas informais sobre a possível expansão dos regimes linguísticos dos Sistemas de Madrid e de Haia que o Secretariado se encontra a empreender.

9. Tais consultas técnicas deverão ser o mais completas possível e envolver todo o espectro de usuários. Isso é essencial para garantir a acessibilidade ao maior número de partes interessadas, o que constitui nosso objetivo principal. Acreditamos acima de tudo que a representatividade linguística é a expressão completa da inclusividade social, política e econômica, garantindo a legitimidade de todo e qualquer processo normativo e decisório.

Estimado Diretor-Geral,

10. Esteja certo de nosso compromisso inabalável, sob sua estimada liderança, para promover o multilinguismo e elevar o status da língua portuguesa dentro da OMPI.

Muito obrigado.

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Ver a intervenção em vídeo

 

 

 

Publicado a 7/7/2023
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